Em um mundo cada vez mais urbanizado, a mitigação da poluição do ar é considerada uma das questões mais importantes no planejamento urbano. As árvores urbanas são ferramentas cruciais, pois ajudam a melhorar a qualidade do ar através da deposição generalizada de vários gases e partículas, graças à grande área de superfície que fornecem, além de sua influência no microclima e na turbulência do ar. Um artigo científico publicado na revista Wiley discute a importância das árvores nesse processo.
O grau em que esses impactos na qualidade do ar se manifestam depende das propriedades específicas de cada espécie, ou seja, de seus “traços” funcionais.

Conceitos Básicos: Como as Árvores Mitigam a Poluição
A remoção da poluição pelas plantas ocorre por uma combinação de dois mecanismos principais:
1. Deposição nas Superfícies das Plantas: Inclui a filtragem do ar pela folhagem ou casca e, no caso de poluentes reativos como o ozônio, a decomposição na fase gasosa desencadeada por substâncias emitidas pelas plantas.
◦ Fatores Determinantes: As taxas de deposição dependem da resistência, que é controlada pela organização da comunidade (ex: corredores verdes, parques), estrutura da copa (tamanho, forma e densidade) e características da folhagem (forma da folha, propriedades da superfície e fisiologia).
◦ Características da Folha: A maioria da deposição de gases e partículas ocorre na superfície da folha. A complexidade da estrutura da folha está positivamente correlacionada com a deposição potencial. A presença de pelos (tricomas) ou ceras na superfície da folha pode ter uma grande influência e varia consideravelmente entre as espécies. Por exemplo, as ceras podem quase dobrar a deposição de material particulado (PM) em Tilia em comparação com Platanus, espécies com maior ocorrência na Europa.
2. Captação Estomática (Uptake): A absorção de poluentes (além daqueles que apenas se ligam ou são destruídos na superfície externa) ocorre através dos estômatos, que são poros que regulam a concentração intercelular e controlam a fotossíntese.
◦ Estratégia de Uso da Água: As diferenças na captação de poluentes entre espécies podem ser atribuídas a diferentes estratégias de uso da água. Espécies anisohídricas (como Populus ou carvalhos decíduos), que mantêm seus estômatos abertos por períodos mais longos, são mais eficientes na captação de poluentes do que espécies isohídricas (como Pinus ou Platanus), que tendem a fechar os estômatos mais cedo em resposta à diminuição da disponibilidade de água.
◦ Metabolismo: A captação de poluentes é alta enquanto os compostos são rapidamente removidos dos espaços intercelulares. Poluentes são quase imediatamente metabolizados.

Referências
GROTE, Rüdiger et al. Functional traits of urban trees: air pollution mitigation potential. Frontiers in Ecology and the Environment, v. 14, n. 10, p. 543-550, 2016.GROTE, Rüdiger et al. Functional traits of urban trees: air pollution mitigation potential. Frontiers in Ecology and the Environment, v. 14, n. 10, p. 543-550, 2016.


